Os Mercadores de Opinião e a sua Privacidade |
"As mensagens em nossos meios de comunicação vem empacotadas como Cavalos de Tróia. Entram em nossas casas em uma forma, mas funcionam de forma diferente uma vez dentro. Não é tanto uma conspiração contra o público espectador como é um método para conseguir que os campeões de audiência inadivertidamente promovam agendas contraculturais que apenas podem fortalecer os indivíduos que estão expostos a elas. As pessoas que rodam redes de televisão ou revistas populares, por exemplo, são compreensívelmente indispostas a rodar histórias que criticam os princípios operantes da sociedade que seus patrocinadores estão tentando manter. Os jovens e espertos estrategistas da mídia com novas e usualmente ameaçadoras idéias, precisam inventar novas formas que são capazes de hospedar estes novos conceitos até que eles tenham sido entregues ao público americano de forma bem sucedida como parte da dieta de mensagens dos meios de comunicação de massa." (RUSHKOFF, Douglas - MEDIA VIRUS! Hidden Agendas in Popular Culture) |
É difícil lembrar a primeira vez que
te pedem sua opinião para alguma coisa. No mais provável, talvez
pinte a lembrança daquela vez, quando criança, que
perguntaram:
- Qual animal você gostaria de ser? (Eu gostaria de ser vocalista de uma banda de Heavy Metal) - Que que você vai ser quando crescer? (Eu vou ser velho, oras)
São perguntas simples, mas que podem dizer muito
sobre a personalidade da pessoa. Uma criança que responde que queria
ser macaco, pode simplesmente achar um macaco bonitinho ou adorar fazer
"macacadas". Aí os pais já ficam de alerta, porque tem um
"bagunceiro" na família.
Mas será que aquelas perguntas não foram ensaiadas?
Se eu te contar que existe uma equipe por trás
daquele sujeito. Uma equipe que é chamada de "produção"?
Provavelmente estou perdendo meu tempo escrevendo que essa equipe é
encarregada de entrevistar o entrevistado antes que ele se sente ali pra
conversar. E não é só isso: a equipe pode até
discutir com o cara se tem alguma matéria sobre a qual não
se deve tocar ou assunto que interessa que seja tocado. Pensa bem: alguma
vez você conseguiu ter uma conversa interessante todo santo dia, durante
todos os dias, e com mais de uma pessoa? Não. Isso é muito
difícil. A produção de um programa se encarrega que
o apresentador apareça sempre com um ás escondido na manga.
Pra impressionar a audiência. Que é o que chama os anunciantes.
São eles que pagam o salário tanto da produção
como do apresentador.
Resumindo: Não é alguém na TV
que tem opinião. Claro que o sujeito para estar lá tem que
ter alguma inteligência. Mas o mais importante é chamar a
atenção. Por isso que a Carla Perez está chegando lá,
enquanto um monte de recém-saídos das faculdades de
comunicação estão lendo os
classificados.
Será que o público queria ouvir que o Zagalo era um gênio porque estava escondendo o jogo? Não. O público que estava pichando o técnico tava afim de vitória. Estava querendo ver a seleção ganhar batalhas enquanto o técnico queria vencer a guerra. Mas quem é que tem a coragem de defender o lado errado? Pensa bem: se todo mundo está falando que fulano está errado, você tem coragem de ir contar a corrente? Muito provavelmente, não. A maior parte, guarda a opinião negativa pra si mesmo e acaba se convencendo daquilo que todo mundo está falando. Quase todo mundo faz isso. Menos este ou aquele cara da televisão. Porquê? |
Porque ele tem coragem, as vezes, de ter uma opinião
contrária? Porque ele é uma estrela de TV. Ele é importante.
Ele é dono de um horário com sei lá quantos mil
espectadores. Ele pode se dar ao luxo de pensar diferente. Porque não
tem que ouvir as vozes chamando ele de imbecil. Televisão é
só pra gente ver e escutar e não pra falar. Pra falar, tem
o disque 900, por enquanto. Mas esse daí, é uma opinião
que você paga para ser ouvida. Pensa bem: pra se fazer ouvir numa rodinha,
você pode falar mais alto, cutucar o colega, fazer cara feia, bater
na mesa, vão acabar te ouvindo. Agora, pra fazer diferença
sua opinião num disque 900 você tem que desembolsar uma
grana.
E qual é a opinião que sobra? A opinião de um monte de gente que tinha em casa televisão, telefone e dinheiro pra se fazer ouvir. E o resultado final? É realmente "aquilo que você decidiu"? Não é. O computador dá defeito, não dá? O Win 95 trava de vez em quando, não trava? Como é que o software que faz as contagens também não funciona ou para de funcionar? Além disso, as linhas ficam congestionadas. Se a pergunta que aparece na TV é válida pra toda uma região, como garantir que haja linha pra todo mundo? Depois das oito horas, conseguir um interurbano para algum lugar é sorte.. Isso daí é só pra pensar um pouco e aprender a duvida daquilo que aparece na TV. E as revistas? Será que você acredita nelas? Believe me, não são muito diferentes. O editor da revista manda o repórter escrever uma porcaria qualquer que alcance um determinado público. Falo porcaria porque normalmente os textos são o suficiente para transmitir determinada informação, mas curtos o bastante para o sujeito não largar antes do final. O texto compete com imagens. Duas páginas então não podem ser só de texto. Tém que ter imagens. E tem as propagandas e as mini-propagandas. Já experimentaram algum dia rasgar fora todas as páginas que tem propaganda dos dois lados, como emagrece determinadas revistas? Mas voltando ao lance de opinião, o que eu queria colocar é algo mais profundo: sua opinião, que pode ser manipulada por questões de marketing (da privacidade falo depois). Um anunciante pode fazer algo que se chama de campanha publicitária. Veja o caso da viadagem (ou usando um termo politicamente mais correto e erudito, o caso do homossexualismo). Do ponto de vista comercial, o homossexualismo é um grande negócio. Enorme (ou Enoooorme, desculpa a piada, não resisti). Esse público não gasta grana com creche, escola para os filhos ou coisas do gênero. Mas vai gastar com discos, viagens, roupas, motel, boite, etc.. fica interessante então que a imprensa não seja preconceituosa, porque tem anunciante disposto a investir no mercado homossexual. E se tem anunciante pagando para aparecer anúncio de coisas relativas ao mundo gay, tem que aparecer gente falando que é algo culturalmente muito rico, que fulano, ciclano, beltrano eram chegados. Então, o cidadão comum não se revolta em ver um sujeito vestido de rosa andando de mão junta no parque. Não, ele até se acha culto, porque está admitindo que dois homens façam o que bem entenderem entre quatro paredes. Campanha contra as drogas, por exemplo, vocês já notaram a quantidade de coisas que já se falou de quem usa drogas? Não se fala mal das crianças que ficam assistindo sessão da tarde, evitam tocar no assunto do alcolismo. Mas sem querer fazer apologia, algumas das maiores besteiras já publicadas foi sobre esse assunto. Já houve reportagens falando que toxico causavam impotência, câncer, tudo quanto é coisa, no entanto o que mais mata são as mortes por cigarro comum. Bebida também é uma das maiores causas de acidentes nas estradas. Inventam umas histórias fantásticas sobre LSD (se você tomar, corre o risco de ficar olhando para o Sol até ficar cego, durante uma viagem) ou tráfico de drogas (traficantes usam cadáver de bebê como método para contrabandear cocaína sem a alfândega perceber). São histórias divertidas de se ler, porque impressionam. Geram discussão, coisa que não acontece se aparecer uma notícia sobre alguém que bebeu e se jogou de um prédio. Ninguém fala que vai parar de beber só porque leu isso no jornal. No entanto, tanto a história sobre o LSD induzir alguém a querer ficar cego olhando pro sol ou a do tráfico usar cadáveres pra ocultar drogas são mentiras. Americano chama isso de lenda urbana. São histórias tão interessantes que os caras botam em circulação sem checar e depois ficam com vergonha de desmentir. A dos bebês com cocaína foi publicada pelo jornal Washington Post e pela Playboy, além de outros lugares, em épocas diferentes, por volta de 85. A dos caras que ficam olhando pro Sol até ficarem cegos, apareceu no Los Angeles Times, em 67, mas tem gente que ainda repete até hoje, sem saber que não é verídica. A ficção é mais interessante do que o fato e dura mais na memória popular e como o negócio é falar mal de tóxico, porque não? Que mal faz uma mentira quando o negócio é convencer a juventude a não fazer coisas erradas, né? Mas está ficando muito pesado este assunto, então vou mudar para outro mais próximo de onde eu quero chegar.
Que é .. privacidade. Já falei sobre
isso antes, em outro número do Barata Elétrica. Mas.. estou
vendo que ninguém liga muito para isso. Vi nos jornais: "Bancos vão
condicionar talão de cheque a histórico bancário". Ou
seja, tem cheque devolvido, pensa-se duas vezes antes até de aceitar
que o sujeito abra conta no banco. Legal. Os bancos já cobram quase
um real para que a gente veja nosso saldo, um dinheiro que é nosso,
mas "eles" estão guardando, ainda vão fazer mais essa. Se
você tem um passado de inadimplência, perdeu sua "cidadania
financeira". Vai ter que fazer que nem os americandos, que tem um monte de
livros sobre como fazer uma identidade falsa, para poder movimentar cheques
de novo. E lá nos EUA, a coisa é pior, viu? Um cheque devolvido,
um só, e você não pode mais alugar um apartamento no
seu nome. Nunca mais. Não interessa se a culpa não é
sua. Não interessa se aquela sua ex-namorada te roubou uma folha do
seu talão e fez o cheque ser devolvido só pra te ferrar. Ou
se a culpa foi do banco, que ao cancelar o seu cartão de crédito,
não cancelou o seguro dele, tornando você inadimplente quando
acabou o saldo da sua conta (quase aconteceu comigo, deixei 10 Reais na conta
do BB e 4 meses depois tinha 6, fui olhar e descobri isso, se tivesse fechado
a conta, hoje estaria fichado no SPC, mais uma do
Ourocard).
Com licença, mas acho de uma ingenuidade
incrível esse raciocínio. Muitos podem achar o
contrário. Lembrança de outros tempos . Herança dos
tempos da ditadura, sei lá. Sabiam que numa determinada época
do Brasil, faz não muito tempo, tinha-se que preencher um cartão
com seu nome, endereço e RG pra visitar alguém num prédio?
É, a ditadura fez uma espécie de lobotomia (*) no povo e as
vezes parece que o pessoal acredita em qualquer besteira desse gênero.
Principalmente porque todo mundo vai mentir e negar, se o outro não
puder provar. Da boca pra fora, todo mundo é inocente. Pergunta em
qualquer prisão se tem alguém que realmente é culpado.
Todo mundo é inocente.
Podia comentar parafraseando um ministro da justiça de um determinado país, que disse: "O crime, às vezes, é inevitável" Sem comentários. Mas tudo bem, vamos esquecer essa frase. Manja vida de casado? Existe um cartum do Hagar, o Bárbaro. Ele chega de viagem, numa noite em que está caindo neve pra caramba. Bate na porta de casa e a mulher pergunta:
- Quem é?
Triste, né? Mas a verdade é que as pessoas nunca revelam toda a verdade. "Se você ouvisse o que as mulheres falam quando estão em grupo, nunca mais deixaria a sua sozinha" (Descartes?) Isso daí é que é o ser humano. É ser contraditório. Você pode não saber, mas convive com a mentira, diariamente. Vide o poema famoso de Fernando Pessoa. |
POEMA EM LINHA RETA
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes
vil,
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Arre, estou farto de semideuses! Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Álvaro de Campos |
É, esse poema é antigo, mas acredito
que sempre foi assim. Acreditar que o ser humano vai mudar seria deixar de
acreditar que ele continuaria humano.
Imagine a vida não no Rio de Janeiro, onde a vida cultural é farta. Lugar onde também são filmadas as novelas e que por consequência, molda o jeito de pensar do Brasil desde que a televisão começou a fazer sucesso. Pois é. Imagina a vida lá no interior, onde a sociedade cobra um pouco, todas as atitudes da pessoa. Todo mundo fica sabendo da vida de todo mundo. Então todo mundo só faz o que todo mundo faz. Ninguém tem muita coragem de inovar, por medo de não ser aceito socialmente. Não ser convidado para as festas. Aqueles que vão contra corrente viram notícia. "O quê? Fulano teve coragem?" E é como se aparece não nas páginas policiais, mas naquela coluna de mexericos. É gente rindo pelas suas costas. É gente que nunca teve o menor contato contigo te apontando na rua. Então vira uma espécie de prisão, da qual você só sai quando o cemitério chama. É um negócio que voê poderia chamar de "máscara social". Pra sair na rua, você tem que vestir, como se fosse roupa. Com o passar dos anos, vira uma pele, que te protege de qualquer inovação da qual não se está preparado. É, você cria uma armadura para te proteger do falatório. Tudo para não virar assunto dos outros. Ninguém inova nada.
É, o mundo sem privacidade já existe. De norte a sul do país,
caiu na boca do povo, por um motivo qualquer, será lembrado por toda
eternidade. Você é aquilo que sempre foi. Filho de fulano de
tal, fez escola com ciclano que é amigo de beltrano, que foi preso
por tráfico de drogas. Então não pode casar com a filha
do outro fulano de tal, que é uma família muito digna para
um pé rapado que tem amigo com ficha na polícia. Isso é
um exemplo, acontece todo dia. Falar que isso é retrocesso, que é
coisa do passado, não muda o fato de que coisas aconteçam atitudes
de preconceito inexplicável. Acontecem.
Talvez o fim da privacidade acabasse com esse tipo
de coisa. Mas não acredito muito nisso. Acho difícil extinguirem
esse serviço de desinformação chamado "fofoca" ou essa
classe social apelidada de "panelinha". Onde todo mundo sabe de todo mundo,
por falta de assunto melhor. Qualquer mulher sabe quantos defeitos podem
ser achados em "outra" mulher. Você duvida? Tenta ouvir "os bastidores
femininos" de qualquer casamento.
Pode acontecer com você. Mas, voltando ao assunto, como comentei ali em cima, os bancos e instituições financeiras (AQUI NO BRASIL) parecem que vão condicionar vários serviços ao histórico de seus clientes. Parece lógico. Porém, vasculhando a rede, descobri que existe um estudo, lá nos EUA, sobre a eficácia de coisas como essa idéia que estão pensando em importar dos EUA, de vasculhar a vida financeira de alguém e através dela decidir coisas até onde essa pessoa pode ser bem atendida (em coisas como emprego, seguros, crédito, etc). Este estudo está disponível em http://www.pirg.org/consumer/credit/mistakes/index.htm, junto com os erros que acarreta. Só para listar alguns: |
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Aí tudo bem. Isso acontece nos EUA, um país que botou o homem na Lua, baita eficiência tecnológica. Anos de experiência em coisas como cartão de crédito, computadores, etc. E ainda assim esses erros acontecem. Erros sérios. É como chamam lá as pessoas que são colocadas na lista negra, por conta de compras erradamente colocadas na conta de outra pessoa (ou mesmo compras que nunca foram feitas). As estatísticas foram as seguintes: |
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Mas o mais interessante é a dificuldade para
se entender a listagem. Em 45% dos casos, o consumidor não entendia
o que a listagem do seu uso do cartão de crédito dizia. Isso
é que é precisão com o dinheiro dos outros. Realmente,
não é preciso se preocupar com a privacidade. Já que
o sistema vai engolir informação errada, qual o problema? O
problema é que essa informação errada não vai
permitir em alguns casos, que a pessoa alugue uma casa, em outros casos pode
dificultar o acesso ao cheque especial, ou atrapalhar a busca de um emprego
numa posição de responsabilidade (ex: aqui no Brasil, quem
tem ficha negativa no Serviço de Proteção ao Crédito
não pode exercer cargo público). Sem falar no crime de roubo
de identidade, que lá é muito comum, o ladrão rouba
os dados de outra pessoa e usa para fazer crediários, conta em banco,
depois o sujeito verdadeiro tem que esclarecer toda a história. Toda
uma vida dentro da lei, todo um esforço para não ficar devendo
nada a ninguém e um cara anônimamente simplesmente ferra tudo.
Hacker? Não. Aqui no Brasil isso também acontece. A pessoa
coloca um anúncio oferecendo emprego, um imbecil manda o C.V. com
dados tipo CPF, RG e pronto. Não precisa ter computador envolvido
nessa história. Como não vende jornal esse tipo de notícia,
ninguém fica sabendo. Não sei se pesa o fato de que empresas
de cartão de crédito serem grandes anunciantes. E sempre mandam
propaganda pelo correio. Nenhuma falando desses problemas. Mas também,
todo mundo sorri em comercial de cigarro. Ninguém tosse até
morrer. Ninguém olha pro próprio saldo e fala que vai reclamar
no Procom. Todos são felizes. Voltando ao assunto..
Pois é, nos EUA, eles tem esses problemas em armazenar informações sobre as pessoas. Informações vitais (para eles, já que sem crédito ninguém vive) são embaralhadas de vez em quando. E talvez o mesmo esquema seja implantado aqui. Provavelmente os erros de lá vão acontecer aqui também. As pessoas vão continuar falando que "minha vida é um livro aberto", "não devo nada a ninguém", etc e vão ficar tentando conseguir uma linha para reclamar em algum serviço de crédito qualquer que "o sistema é muito bom, mas no meu caso, vocês erraram" . Os presos nas cadeias não fazem rebelião também porque a justiça não avalia seus processos (coisa que em vários casos significaria liberdade condicional ou mesmo imediata). Ouvi falar que tem gente que é esquecida na cadeia. Uma amiga minha (ela nunca explicou isso direito) teve que ir no tribunal provar que não era culpada de assassinato em 1o Grau porque simplesmente não conhecia a vítima. Teve um cara que foi preso duas vezes e passou 55 dias preso apenas porque assaltante que levou seus documentos foi preso e condenado usando a sua identidade. A revista 2600 (edição Summer 98) tem um artigo que espero ser ficção científica: o Projeto Lucid. Trata-se de uma rede de computadores projetada para complementar e implementar o sistema de justiça internacional. Todos os bancos de dados interconectados. Tudo, desde telefone, até cartões de crédito, etc.. tudo junto. Espero só que não funcione com Win95. Parece besteira, escrever um artigo tão grande assim, por uma coisa que parece tão pequena. Exatamente porque as pessoas não dão importãncia. Ninguém sabe explicar direito porque privacidade é algo importante. Como era difícil, faz alguns anos, entender que o consumidor podia devolver a mercadoria e receber o dinheiro de volta, se não estivesse satisfeito. Não é nenhum "favor" da loja. Os únicos artigos que estão aparecendo nos jornais sobre privacidade englobam principalmente o medo de "hackers". Como se um hacker tivesse tempo de ficar se divertindo vasculhando a vida alheia. Aqueles que "choram" porque alguem "escutou" sua conversa reservada numa sala de chat tem espaço garantido nos órgãos de informação, quando na verdade já deviam saber desde pequenas que não deveriam partilhar sua vida com estranhos. Fiquei muito impressionado com um chefão da Polícia Federal que teve seu fone grampeado. Eu mesmo procuro não dizer no telefone nada que eu não diria na TV. Isso é uma regra tão simples. Mas óbvio, tem gente que entra na Internet para zoar e hoje isso está muito fácil. Ao facilitar o acesso da rede ao cidadão comum (e também ao "bandido comum"), Microsoft criou uma legião de usuários que podem "entrar" nos micros uns dos outros, basta saber o caminho das pedras. A Internet ficou algo mais noticioso do que sexo e as pessoas ficam chateadas porque batem com a cara na parede. Aí, acham que o governo deveria ser rígido com isso e aquilo quando na verdade, "não usam camisinha" ou melhor dizendo, não tomam precauções para se resguardar, mergulham de cabeça e depois querem resolver "por decreto" seus fracassos em lidar com a tecnologia. E esquecem talvez a lição mais importante, com relação a privacidade, a vida, com relação a muita coisa: "O preço da liberdade, é a eterna vigilãncia".
(*) Lobotomia, para quem não sabe, era uma
operação muito na moda nos anos 50, parece que foi inventada
por um português de família nobre, de nome Moniz (li em algum
lugar). Ganhou o prêmio Nobel com isso. Era a "cura" cirúrgica
da loucura, através da destruição de um pedaço
do cérebro que lida com os sentimentos. Tinha uns efeitos colaterais,
como o fato de tornar o sujeito um completo imbecil, incapaz de atravessar
uma rua sem se matar ou reagir a uma surra, etc.. mais tarde descobriu-se
que há drogas pesadas que poderiam ter o mesmo efeito, sem o perigo
de matar o cara numa operação dessas. O que é a tecnologia..
hoje, basta comprar uma TV e pronto.
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